segunda-feira, 10 de maio de 2021

 


Obra: Duke – Pistoleiro é o que serás
Título original: Duke 5- Un pistolero, tu serás
Argumento: Yves Huppen
Desenho: Hermann
Cor: François Lapierre
Editora: Arte de Autor
Tradução: Jorge Colaço
Data da Edição: 2021
Álbum cartonado: 56 páginas
ISBN: 978-989-54827-7-1
Preço: 16,50 €
Dimensões: 228 x 300 mm

 

Análise

Trata-se do 5º volume do western Duke. O argumento conta uma história que prende a atenção do leitor, mas sofre dos mesmos males comuns às séries longas narradas em continuidade. Quem só ler este volume, fica com uma ideia muito vaga do que pode estar a acontecer, com muitas falhas relativamente aos factos ocorridos, sobre quem é Duke e quem são as outras personagens. Dificilmente se enquadra em toda a trama da história, percebendo as características psicológicas de todos os elementos que nela participam. E, nesta longa narrativa, muito do que ocorre está associado ao que cada personagem é, ao meio social onde se insere e aos acontecimentos que marcaram o seu percurso.

Na verdade, este volume, só por si, não tem um elemento que o individualize, tem que ser sequenciado aos anteriores, só assim se percebendo o que move cada uma das personagens. Fica também tudo em aberto no final. Tudo pode vir a acontecer.

Sobre o desenho não há muito que dizer. Herman, um dos grandes desenhadores belgas do final do século passado, surge aqui mantendo as suas principais características gráficas. Vê-se uma prancha do álbum e imediatamente se diz: é de Hermann. Tem um estilo gráfico que o distingue de quase todos os outros e que fez alguma escola. Quando surge alguém com um estilo próximo, imediatamente se associa a um seguidor de Hermann.

Hermann não é um desenhador que use muito texto, mas, neste caso, os diálogos são até bastante frequentes.

Não existem legendas, o que mostra o excelente domínio que os autores têm da técnica narrativa na banda desenhada.

A cor é usada para distinguir diferentes épocas. Quando uma das personagens narra factos passados, passa-se para uma tonalidade sépia, e alguns balões tomam forma diferente, parecendo legendas, mas constituem-se a fala do narrador dos factos.

Os olhos são usados muitas vezes para em grandes planos ou planos de pormenor, maximizar sentimentos. Herman, com o seu estilo , fá-lo de modo excelente.

Há algumas onomatopeias e os símbolos cinéticos estão ausentes. Mas essa ausência é mais uma amostra da grande qualidade do desenho de Hermann. Quando há movimento, a plasticidade dos corpos patenteia-o perfeitamente, sem necessidade de grafismos acessórios e complementares.

Há algum empobrecimento gráfico da obra no que se refere aos cenários. Herman foca-se nas personagens e nas suas expressões, menosprezando o ambiente físico em que estas se movem. Os cenários são pobres e pouco pormenorizados.

A letra tem um tamanho e um tipo que facilita a leitura e o tamanho dos caracteres e o uso do negrito é também usado para expressão as diferentes intensidades sonoras.

A capa deixa uma sensação de rascunho quando se observa. Se está de acordo com a temática da obra, já o desenho surge numa perspetiva que torna o tamanho das personagens estranho.. Causa até alguma perplexidade que um desenho com estas características tenha passado pelas apertadas grelhas da edição. O corpo do jovem sentado parece desproporcionado, aparentando estar-se perante alguém com problemas físicos. A imagem cria uma sensação de desconforto visual. Hermann sempre teve alguma dificuldade em desenhar adolescentes do sexo masculino e este desenho é uma explicitação dessa dificuldade.

Conclusão

Leitura a fazer e a não perder por quem segue a série desde o número 1. Quem não leu, o melhor é começar pelo início e ir progredido até este volume.

Quanto à capa, o melhor é fechar os olhos e imaginar que não existe.


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