quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Foguetão nº 1


Foi um jornal que pretendia ser uma revolução no sistema editorial da banda desenhada em Portugal, mas que acabou num grande fracasso ao fim de 13 números, com as histórias inacabadas a transitarem para a revista Cavaleiro Andante.
O jornal Foguetão, 12 páginas com dimensões 300 x 420, era dirigido por Adolfo Simões Müller, tinha periodicidade semanal,  custava e publicou-se entre 4 de maio de 1961 e 27 de julho do mesmo ano.
O número 1 publicava um episódio completo de Sexton Blake e várias séries em continuação: Dan Dare, Jean Valhardi, Asterix, Tanguy & Laverdure, Blake & Mortimer e Tintin, este último em língua francesa.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Humor curto: O Guarda 212


O Guarda 212 é uma série humorística surgida em 12 de junho de 1975, com argumento de Cauvin e desenhos de Kox. O episódio que se segue foi publicado o Jornal da B.D. 134.

sábado, 26 de dezembro de 2020

Da BD para o ecrã: Daredevil


Daredevil é uma personagem criada pro Stan Lee e Bill Everett em 1964
Em animação surgiu como personagem não protagonista em algumas séries: Spider-Man: The Animated Series e Fantastic Four
Em 1989 a personagem surgiu no filme  de televisão The Trial of the Incredible Hulk, interpretado por Rex Smith


Daredevil foi uma série televisiva  emitida em 2015 e 2016 com Charlie Cox como protagonista


Em 2003 o filme Daredevil teve como protagonista Bem Affleck.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Análise Crítica: Shanghai Dream

 


Obra: Shanghai Dream
Título original: Exode 1938 e À la mémoire d’Illo,
Argumento: Philippe Thirault
Desenho: Jorge Miguel
Cor: Delf
Editora: A Seita/ Arte de Autor
Tradução: Sandra Alvarez
Data da Edição: 2020
Álbum cartonado: 120 páginas; 104 de banda desenhada
ISBN: 978-989-54880-1-8
Preço: 24,00 €
Dimensões: 221 x 293 mm

 Análise

Esta obra Shanghai Dream junta num único volume os dois livros que compunham a edição original: Exode 1938, publicado em 2018 e À la mémoire d’Illo, em 2019. Cada um dos volumes tem 52 pranchas.

O argumento funda-se no exilio a que a comunidade judaica alemã se vê forçada para fugir à perseguição movida pelos nazis, sem, ainda na época, 1938, poder imaginar o que lhe viria a suceder no futuro. Nesse exilio ocorre a separação de um casal: Illo, que escreveu o guião para um filme, e o seu marido Bernhard que tudo fará para conseguir realizar esse filme.

É um argumento onde fica visível a forma como a ideologia nazi mudou a personalidade de muitos alemães, o modo como, apesar da aliança bélica, Japão e Alemanha tinham perspetivas diferentes sobre os judeus, e a violência que os japoneses exerceram em território chinês, a exemplo de todos os outros locais que ocuparam.

Sobre o argumento do filme, que guia o modo como Shanghai Dream se desenvolve, não se sabe muito, não se consegue perceber a sua proclamada excelência nem são muito evidentes as suas características de comédia, embora sejam relatadas pequenas cenas cujo objetivo será provocar a gargalhada.

Se nas suas linhas gerais o argumento é bom, falha nos pormenores: não são bem definidas e completadas algumas das sequências narrativas; demasiada facilidade com que determinadas situações ficam resolvidas num contexto tão complexo.

O primeiro volume tem um argumento mais coeso que o segundo. Toda a história contada no segundo volume merecia um maior desenvolvimento, que talvez exigisse ser narrada em duas partes distintas, permitindo conhecer melhor algumas personagens, que entram e saem quase só para fazer número, e desenvolver melhor a relação entre Lin Lin e Bernhard. Toda a relação se desenvolve de um modo platónico que termina numa felicidade, que foi o caminho mais fácil para terminar rapidamente a história.

Não sendo um mau argumento, até porque do ponto de vista histórico está bem fundamentado, há alguma leveza nas características psicológicas das personagens e no surgimento de saltos narrativos que apressam a ação central do livro.

Este tema, associado aos judeus no extremo oriente durante a II Guerra Mundial, até por não ser muito conhecido, merecia e devia ser melhor desenvolvido.

O desenho é de boa qualidade, embora nem sempre as expressões faciais sejam bem tratadas quando pretendem expressar emoções. Há algum desequilíbrio neste aspeto. Jorge Miguel por vezes retrata muito bem o que sentem as personagens, outras vezes coloca-as com um rosto em que se evidencia desespero ou espanto, quando não há uma emoção deste tipo de modo evidente, seja no texto, seja na ação. Quando pretende que as emoções sejam mesmo patentes, o autor recorre a grandes planos do rosto, que nessa situação ficam bem caraterizados

Ao longo de toda a obra Jorge Miguel não recorre a vinhetas gigantes, mesmo quando pretende ilustrar planos gerais, São muito poucas as vinhetas que ocupam um terço ou um quarto das pranchas. Todas têm uma área menor.

As pranchas encontram-se organizadas de modo muito clássico, com as vinhetas emolduradas e separadas por espaços em branco. São reduzidíssimas as exceções; seja a vinheta sem moldura ou a vinheta sobreposta a outras.

Os símbolos cinéticos e as onomatopeias são recursos que os autores utilizam, de um modo adequado. Surgem quando os fenómenos que pretendem evidenciar são mais relevantes no fluir narrativo.

Para se entender o enredo é necessário ler o texto e observar o desenho o que é um sinal que esse está perante uma narrativa gráfica em que o texto e desenho se complementam e cada um deles isolado não consegue contar a história.

Nas vinhetas associadas ao filme existem legendas que se enquadram perfeitamente no contexto. Nas restantes vinhetas, as legendas, que são reduzidas, têm apenas a função de localizar a ação no espaço e no tempo, permitindo identificar os lugares e o momento em que a ação decorre.

Os cenários são bem trabalhados. Há elementos descritivos no fundo das vinhetas, tornando-as uma leitura visual interessante e demonstrando trabalho por parte do autor, assim como uma eficaz pesquisa sobre os elementos cenográficos associados àquela época na Alemanha e, principalmente, em Xangai.

As cores usadas apresentam tons suaves, não desviando a atenção da narrativa. A opção de apresentar as cenas do filme, sejam elas as reais ou apenas as imaginadas, a preto e branco, permitem que seja possível discernir muito bem as vinhetas que narram a história principal e as que narram o filme.

O livro apresenta no seu interior a capa do segundo volume original, que não foi escolhida para capa desta edição, o que é um elemento que lhe acrescenta valor. O mesmo sucede com a inclusão de um pequeno caderno gráfico, onde o desenhador faz referências à forma como construiu algumas das personagens e se documentou para desenhar uma história de época.

Também não faltam, no final no livro, uns breves elementos biográficos sobre cada um dos autores. Sobre estes, refira-se que Jorge Miguel, não sendo um completo desconhecido, não é um autor muito publicado no mercado nacional, onde se salienta O Fado ilustrado, constituindo uma surpresa este seu surgimento numa edição internacional. Espera-se que se repita a publicação de trabalhos seus. O desenho demonstra qualidade, espera-se que lhe possa surgir um argumento melhor trabalhado, e que ele tente um maior arrojo na ilustração.

Conclusão

Livro a ler, não por ser de um autor português, mas por se bem desenhado e o argumento abordar uma temática rara e bem trabalhada na caracterização histórica.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Efeméride: Wakantanka


Faz hoje 39 anos que surgiu, em 24 de dezembro de 1981, a série Wakantanka.

Vinheta de Wakantanka desenhada por Augusto Trigo

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Natacha


Natacha, hospedeira do ar é o primeiro episódio da série Natacha, surgido em 1970 na revista belga Spirou, com desenho de Walthéry e argumento de Gos.
É nesse episódio que surge também Walter o seu companheiro de voo e de aventuras.
Neste primeiro episódio os dois realizam um voo que transporta uma equipa de futebol, só que os verdadeiros jogadores foram raptados e substituídos por criminosos. O avião acaba por cair na selva e é num registo humorístico que os dois tripulantes e a restante tripulação se irão salvar.


terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Análise crítica: O neto do homem mais sábio

 



Título: O neto do homem mais sábio
Argumento: Tomás Guerrero
Desenho: Tomás Guerrero
Tradução: João Miguel Lameiras
Prefácio: Valter Hugo Mãe
Editora: Levoir
Edição: 2020
144 páginas – 124 com banda desenhada
ISBN: 978-989-68-2890-5
Preço: 10, 90 €
Dimensões: 235 mm x 308 mm

 Análise

Uma biografia em banda desenhada é sempre uma situação difícil de abordar. A tendência é cair numa sequência descritiva de factos apresentados cronologicamente, que parecem muitas vezes desajustados uns dos outros. A banda desenhada está cheia destas situações, ocorram elas em biografias apresentadas em três ou quatro pranchas, ou em trabalhos mais extensos.

Neste livro, o autor, Tomas Guerreiro, consegue afastar-se um pouco desse caminho tradicional. Apresenta uma biografia narrada a duas vozes. Duas personagens: uma que teve existência real e outra nascida nos heterónimos de Fernando Pessoa. Jerónimo Melrinho, o avô de Saramago, e Ricardo Reis, simbolizado pelo próprio poeta Fernando Pessoa. A complementar surge ainda o próprio Saramago.

Esse cruzamento torna-se feliz porque consegue manter o leitor atento, sem o colocar em pormenores biográficos que muitas vezes não passam de bisbilhotice.

Na narrativa excedentária, apenas se torna supérflua a explicação que é dada para o despedimento de Saramago. Embora o facto de ficar sem trabalho tenha sido decisivo para o surgimento do escritor reconhecido mundialmente, a tentativa de explicar o despedimento está deslocada no conjunto do texto da obra.

Neste livro as palavras são muito importantes. O texto está bem escrito e faz-nos mergulhar no ambiente dos livros de Saramago: a forma e a temática dos seus livros saltam de um modo natural para os diálogos de Jerónimo e de Ricardo Reis. Quando são necessárias surgem, bem enquadradas, as citações do próprio Saramago.

É um livro com muito texto, onde o desenho, na maior parte das situações, serve apenas de cenário aos balões, não acrescentando informação direta, ou então podendo ser interpretado como metáfora dos sentimentos que as personagens vivenciam ou que envolviam o próprio José Saramago.

Não se espere encontrar neste livro uma necessidade de acompanhar a imagem para que se lhe possa acrescentar informações que o texto não contém. Na maior parte da obra as ilustrações servem de fundo aos balões de texto, enquadrando-os e aumentando a sua dimensão poética. Mas o texto, quase sempre poderia ser lido sem que o desenho lá estivesse. Este embeleza a obra, ajuda a legibilidade, mas o fundamental está nas palavras.

O desenho é excelente, com o autor, usando um estilo quase idêntico ao de Sergio Toppi. Com a manipulação perfeita das sombras e dos traços negros, consegue transferir para o leitor as emoções que os rostos, demasiado estáticos, normalmente não traduzem. Poderemos mais uma vez estar perante uma opção, pois essa rigidez facial é comum aos retratos que se conhecem de José Saramago e de Fernando Pessoa. Acresce que numa das últimas vinhetas do livro, uma maravilhosa vinheta dupla, Tomás Guerrero não tem dificuldade em colocar expressões nas faces das personagens.

A estrutura das pranchas é variável; umas com com divisões em vinhetas definidas, mas outras, com os desenhos que pertencem a uma vinheta, por vezes sobrepostos aos da vinheta adjacente. Há páginas com uma única vinheta e outras em que a imaginação se pode espraiar, com os desenhos a ocuparem a prancha numa sequência sem divisões de molduras nem elipses.

A cor é usada de modo muito discreto. Seja na evocação da revolução do 25 de abril, nas páginas que relatam Levantado do chão ou na identificação dos restantes livros de Saramago. Há um capítulo onde a cor domina e que, curiosamente, ou ironicamente, se chama Época Cinzenta. Deixo para o leitor do livro a descoberta desse capítulo.

A leitura torna-se facilitada com a cor usada no fundo balões. Por vezes estes surgem sem que a personagem que fala seja visível, mas a tonalidade diferente atribuída a cada um dos intervenientes; Jerónimo, Melrinho, Ricardo Reis e José Saramago, permite a sua identificação Surge ainda um reduzido número de balões atribuídos a Amadeu Batel, Tomás Guerrero e Fernando Aguilera que têm fundo branco, o que também os permite distinguir.

As legendas que não sejam citações da obra de Saramago são reduzidas, servindo para localizar a ação no espaço e no tempo.

Um reparo. A edição merecia a indicação do título original.

Conclusão:

Livro interessante de se ler, em que apesar do desenho de excelente qualidade é no texto que reside o essencial. É a obra em que se consegue dar vida ficcionada a uma personagem real, que não sabia ler nem escrever, o avô de Saramago, atribuindo-lhe as palavras que efetivamente o tornam num homem sábio.

Na ausência de uma ação que prenda os sentidos do leitor, são as palavras que conduzem através das páginas e permitem descobrir, colocando na boca de outros, o que Saramago disse de si próprio e a visão que ele tinha do mundo. É toda essa orquestração de palavras que tornam este livro um exemplar que fica bem em qualquer biblioteca.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Custer


George Armstrong Custer nasceu em 5 de dezembro de 1839.
Entrou para a academia militar de West Point em 1987. Quando terminou a sua formação iniciou-se a guerra civil, onde Custer combateu no exército da União.
Após o final da guerra, Custer foi enviado para o Oeste como o posto de Tenente-Coronel no 7º Regimento de Cavalaria.
Uma coligação de várias tribos levou ao extermínio do seu destacamento, e consequentemente à sua morte, em 25 de junho de 1876 na batalha de Little Big Horn.

Na minha coleção existem os seguintes trabalhos que versam a vida de Custer

O caçador de glória  em Personagens do Oeste 2,  desenhado por Rino Albertareli, da  EBAL
 
Sitting Bull contre Custer,  na série Oncle Paul, publicado na revista Spirou 1328, com argumento de Joly
 
El desatre de Little Big Horn em Colosos del oeste  com guião de Ricky Dickinson e desenho  de Angel Salmeron
 
Processo a Custer a 20 de abril de 1975 no Corriei dei Ragazzi, desenho de Manara e texto de Mino Milani.

sábado, 19 de dezembro de 2020

Baú das revistas: O Mosquito

Revista
O mosquito nº 8 (V série)

Ficha Técnica
Data de publicação: setembro de 1985
Periodicidade: mensal
Preço: 200$00
Dimensões: 210 mm x 290 mm
Diretor: José Chaves Ferreira
Propriedade: Carlos & Reis, Lda
Distribuição: Distribuidora Jardim de Publicação, Lda.
Tiragem 15 000 exemplares
60 páginas incluindo a numeração da capa
Capa a cores
Interior a preto e branco e a cores

Conteúdo:
Capa
Da autoria de Frank Frazetta
Capa interior
Publicidade a álbuns de Torpedo 1936
Página 3
Estamos de Parabéns. Texto editorial
Ficha Técnica
Página 4
R..I.P e Amen. Episódio de Torpedo 1936  com argumento de Bernet e desenhos de Sanchez Abuli
Página 12
O primeiro caso. Conto de Lúcio Cardador com desenhos de Carlos Alberto
Página 14
O voo final. Episódio de Ás de Espadas, com desenho de Juan Gimenez e argumento de Ricardo Barreiro
Página 24
Histórias de outros tempos. Artigo de A. J. Ferreira
Página 26
Mosquito Expresso. Página com correio dos leitores
Página 27
A noite da estrela. Inicio do episódio, com texto de Bati e desenho de Moebius
Página 35
A mensageira da morte. Artigo de A. Dias de Deus
Página 36
Acherontia Atropos. Argumento e desenho de Milo Manara
Página 44
BD 2000. Artigo de Luiz Beira
Página 45
Oppium. Primeira parte de uma história desenhada por Daniel Torres
Página 48
A jangada. Primeira parte de um episódio desenhado por Manfred Sommer
Página 54
Principe Valente. Por Hal Foster. Pranchas de 3/11/46 a 1/12/46.
Contracapa interior
Publicidade à coleção Antologia da Banda Desenhada Portuguesa
Contracapa
Publicidade ao álbum Mississipi River

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Efeméride: Zep


Faz hoje 53 anos que nasceu, 15 de dezembro de 1967, o desenhador Zep.

Vinheta desenhada por Zep

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Mayam


Mayam, uma série com 4 álbuns publicados entre 2003 e 2007, teve desenhos de Daniel Koller, com argumento de Stephen Desberg.
O primeiro episódio, La Delegación Terrícola, na versão espanhola, apresenta-nos o protagonista June Lenny, um funcionário da embaixada terrestre no mais afastado planeta da galáxia, Tir Mayam.
June não tem escrúpulos de atuar à margem das normas legais para conseguir dinheiro, mas esses seus atos levam-no a correr grandes riscos e a estar perto da morte.

domingo, 13 de dezembro de 2020

Análise Crítica: Lucky Luke - Um cowboy no algodão

 


Obra: Lucky Luke – Um cowboy no negócio do algodão
Título original: Lucky Luke (nouvelles aventures)  ) – Un Cow-boy dans le cotton
Editora: Asa
Data de Edição: outubro de 2020
ISBN: 978-989-23-4948-0
Desenho: Achdé
Argumento: Jul
Cor: Mel Acryl’Ink
Álbum cartonado: 48 páginas – 44 de banda desenhada
Dimensões: 293 mm x 225 mm
Preço: 10,90 €

Análise:

O argumento recorre à interação de Lucky Luke com personagens da história dos Estados Unidos, uma situação recorrente da série, que  já surgiu em muitos episódios anteriores. A novidade surge no facto de essa personagem se tratar de um negro que ocupou o cargo de Marshall Adjunto. Esta situação que pode ser associada aos múltiplos problemas raciais que atualmente se vivem nos Estados Unidos, com a o relevo que têm estado a ganhar os movimentos de supremacia branca, representados neste álbum pela Ku-Klux Klan.

Situada numa época em que a escravatura tinha sido abolida, são no entanto evidentes ainda as marcas que o sistema deixou na sociedade daquele país, neste caso representado pelo estado da Luisiana. Neste âmbito salienta-se negativamente a tentativa de apresentar o oeste do país como sendo uma zona livre de atitudes racistas, o que estava longe de ser verdade.

A melhor época da série foi aquela em que Goscinny escreveu os argumentos, em que a fluidez narrativa e o humor marcaram os diferentes episódios. Com a  assunção, por Morris, da escrita dos episódios, notou-se o quebrar dessa espontaneidade e incapacidade de produzir humor naturalmente no fluir narrativo.

Este episódio, no que se refere ao humor, faz lembrar alguns dos momentos que Goscinny trouxe às páginas da série. A vontade de rir, ou apenas sorrir, surgem de modo natural na leitura, com o aproveitamento das diferentes personagens, das suas características e dos elementos cenográficos apresentados no contexto da história. Não surge, na maior parte das situações, o humor forçado.

Como em episódios anteriores surge um piscar de olho à atualidade fazendo aparecer duas crianças que podem ser associadas a duas personagens conhecidas dos tempos atuais: a pequena Oprah e o jovem Barack.

De forma natural surgem também no episódio, as personagens ficcionais Tom Sawyer e Hucklberry Finn criadas pelo escritor Mark Twain.

Os Dalton também marcam presença neste álbum, numa participação pouco intensa, mas suficiente para alguns bons momentos de humor.

O argumento flui de modo natural quase até ao final. No completar da narrativa é verificável a dificuldade do argumentista em resolver a ação. Surge quando Lucky Luke fica incapaz de solucionar, por si, ou com a ajuda do seu cavalo, o problema em que se encontra, sendo salvo por outra das personagens, que surge naquele momento, vinda do nada, embora apresente uma justificação, forçada, para a sua presença. Normalmente Lucky Luke resolveria com Jolly Jumper os problemas em que se encontrava. Neste caso sucedeu de outra forma.  Também do nada, surge um furacão, que é um fenómeno, que ao contrário dos tornados, não surge de modo brusco, havendo sempre alterações meteorológicas anteriores que o prenunciam. Neste caso surgiu sem aviso. Tivesse o argumentista conseguido resolver estas duas situações de modo mais eficaz e estaríamos perante um dos melhores argumentos da série.

As relações sociais surgem de modo muito caricatural no episódio, o que já não é uma novidade nesta série, com os negros a serem todos bons, os brancos americanos a serem todos maus e os descendentes dos franceses a viverem completamente arredados da sociedade dos americanos. A introdução de algum elemento dissonante dentro dos grupos étnicos poderia contribuir para criar algumas situações humorísticas.

Achdé  é um desenhador que conseguiu apanhar o traço de Morris. O traço é leve, adequado a uma história em que o movimento é um elemento importante da leitura e da sequência narrativa. O desenhador consegue desenhar os corpos nas diferentes posições que lhes transmitem uma plasticidade que os transforma, apesar do traço caricatural, em personagens animadas.

Os elementos cenográficos são bastantes diversificados e por vezes minuciosos. O autor desenha vinhetas pequenas, que normalmente lhe permitem colocar de oito a onze vinhetas em cada prancha, mas arrisca por vezes algumas vinhetas maiores, não poupando nos pormenores cenográficos. Das vinhetas gigantes, uma análise mais negativa, vai para a da prancha trinta e nove, que parece ser a menos conseguida. De salientar, na prancha seguinte, as três vinhetas que ocupam todo o comprimento da prancha e que conseguem transmitir na perfeição a narrativa que lhe está associada. Trata-se de uma exemplo em que a história tem que ser obrigatoriamente lida com a opção gráfica tomada pelo desenhador.

A paleta de cores é variada e adequada a cada contexto narrativo, como por exemplo o verde, quando em fundo se encontram os pântanos ou ambientes ajardinados, ou tons escuros para cenas noturnas.

Quase toda a narrativa decorre com os diálogos dos balões. O texto em legendas é muito raro, com exceção da prancha seis, onde não há um evoluir narrativo, mas uma explicação histórica sobre o enquadramento social nas plantações da Luisiana. Quase toda a história poderia decorrer sem a presença das legendas, percebendo-se o enredo apenas pela leitura de desenho e texto.

A letra é bem legível, surgindo em tamanho adequado a permitir a leitura fácil.

Ao longo da narrativa surgem algumas onomatopeias, assim como balões com simbologia, ou formatos de letra que exprimem emoções.

Para expressar movimento existem alguns símbolos cinéticos, embora a plasticidade do traço já o evidencie, e mais alguma simbologia, em torno dos rostos, de modo a amplificar as emoções que os semblantes expressam.

 

Conclusão:

Um livro que vale a pena ler. As suas poucas insuficiências a nível do argumento ou do desenho, são superadas pelos aspetos positivos.

sábado, 12 de dezembro de 2020

Da BD para o ecrã: Dan Dare


Dan Dare é uma série inglesa de ficção científica que surgiu em 14 de abril de 1950 na revista Eagle, desenhada por Frank Hampson.


No início da primeira década do século XXI foi realizada uma série de animação

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Efeméride: Fahrer


Faz hoje 81 anos que nasceu, em 10 de dezembro de 1939,  desenhador argentino Walter Fahrer.

Vinheta de Harry Chase desenhada por Fahrer

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Baú das revistas: Êxitos da TV

Revista
Êxitos da TV nº 5

Ficha Técnica
Data da publicação: 5 de abril de 1979
Preço: 15$00
Periodicidade: semanal
Dimensões.  185 mm x 270 mm
36 páginas, incluindo a numeração de capa e contracapa
Diretor: Roussado Pinto
Propriedade: Marcial, Rocha & Pinto
Capa a cores; interior p/b

Conteúdo:
Capa
Sem indicação de autor
Capa interior:
Dennis por Hank Ketcham. Página de 15/10/67
Página 3
Ficha Técnica
Episódio O duende polar da série Brick Bradford desenhado por Paul Norris. Tira diária de 4/12/72 a 3/3/73
Página 23
Mark Trail. Página de 2/9/56 desenhada por Ed Dodd
Página 24
Enciclopédia Gráfica por R. J. Scott.
Página 25
A garganta do vento. Episódio de Histórias do velho Tom desenhado pro Stelio Fenzo
 
Página 34
O dia a dia do Sr Huberto. Tiras de 2 a 5 de maio de 1967 desenhadas por Dick Wingert
Contracapa interior
Publicidade ao Centro de Instrução Técnica
Contracapa
Bugs Bunny, por Raçph Heimdahl. Página de 1/09/1968.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Análise crítica: O último Faraó

 



Obra: O último Faraó
Título original: Blake et Mortimet – Le dernier Pharaó
Argumento: Jaco Van Dormael; Thomas Gunzig; François Schuiten
Desenho: François Schuiten
Cor: Laurent Durieux
Editora: Asa
Edição: março de 2020
92 páginas – 85 com banda desenhada
ISBN: 978-989-23-4698-4
Preço: 10, 90 €
Dimensões: 202 mm x 288 mm

 

Análise

Este álbum não pretende ser parte da série Blake e Mortimer. É assumidamente um extra que não se enquadra, designadamente quanto ao trabalho de desenho, no estilo que segue o traço de Jacobs.

Schuiten, num estilo totalmente distinto de Jacobs e dos seus continuadores, recria as duas personagens. Foge ao grafismo em que os rostos se aproximam de um modelo semicaricatural, para usar um desenho de traço realista. Blake e Mortimer surgem mais velhos, mas apesar da mudança de estilo, os traços fisionómicos permitem identificar sem dificuldade as duas personagens.

Os rostos das personagens parecem muitas vezes sofrer de paralisia, pois as emoções não se manifestam. Os rostos mantêm-se inalterados em muitas situações que justificavam diferentes expressões. Schuiten não é um desenhador de pessoas,  embora em Cidades Obscuras tenha conseguido dar uma diversidade de expressões faciais nos seus personagens, que não se verifica neste álbum. Schuiten é um desenhador de prédios e cidades e essa é mais-valia desta obra. Nos cenários das diferentes vinhetas é o desenho dos prédios, dos seus interiores e exteriores que se evidencia. Sempre que possível Schuiten recorre à arquitetura para embelezar o fundo da vinheta e define bem as suas dimensões sempre que os prédios e outras construções arquitetónicas têm que ser desenhadas.

Apesar de os rostos não contribuírem para elevar a qualidade do álbum, os grandes planos evidenciam esta parte da anatomia humana. Ao desfolhamos as páginas são os rostos que marcam as vinhetas. São eles que nos enfrentam no virar das páginas, contando a história. Não se percebe se foi essa a intenção do desenhador, mas foi esse o resultado do trabalho realizado.

Excetuando as situações em que há a intenção de mostrar elementos arquitetónicos e urbanísticos, fazendo uso de vinhetas maiores, não há criatividade no uso das mesmas e na alteração das suas características clássicas para a construção do fluir narrativo. Não somos surpreendidos com uma vinheta ou um conjunto de vinhetas que nos faça parar a leitura.

A profundidade das cenas é conseguida de modo muito efetivo. Para isso contribui um bom uso da sombra, que permite identificar imediatamente os diversos planos que podem surgir nas vinheta e as posições relativas dos vários objetos e personagens. Schuiten domina bem esta área do grafismo.

As molduras e as características da letra usadas nos balões servem, por vezes, para demonstrar várias emoções ou para sublinhar o tom de voz usado. Ainda no que se refere ao uso dos balões, são usados no seu interior, algumas vezes, o ponto de interrogação e o ponto de exclamação, com o objetivo de mostrar o espanto das personagens.  Nota-se neste uso dos balões o domínio e o uso das técnicas de comunicação em banda desenhada.

Ainda no que se refere à simbologia própria da banda desenhada verifica-se a utilização de símbolos cinéticos, de forma moderada, e de onomatopeias, estas em número reduzido, mas aplicadas de forma coerente.

As vinhetas possuem balões e legendas. Estas últimas são essenciais para compreender a narrativa. Só os balões não conseguem expressar a história. Não estamos perante a continuação do estilo Jacobs, mas mesmo assim, a obra está bem guarnecida de legendas. As vinhetas  que não têm balões, nem legendas ou onomatopeias são em número muito reduzido, sendo evidente que não é objetivo dos autores utilizarem este tipo de narrativa silenciosa, o que também já acontecia com Jacobs e com os autores que o seguiram na sequência principal de Blake e Mortimer.

O argumento é o ponto fraco deste episódio. Atribuído a três autores, é mal conseguido. Talvez a diversidade autoral possa ser uma das razões. Cada um pretendeu deixar a sua marca e nota-se a falta uma linha segura na narrativa, havendo várias distrações da via principal da história que se pretende contar.

O argumento vai buscar as suas origens a O mistério da Grande Pirâmide, o episódio da série Blake e Mortimer que mais usa e abusa do esoterismo, que acaba transportado para o presente episódio, não combinando bem com a ficção científica em que se pretende centrar o argumento. Esoterismo e ciência são duas palavras que não cabem na mesma abordagem. Embora Blake e Mortimer seja uma série de ficção científica, se os autores tivessem optado por seguir a linha esotérica nada haveria opor, tanto mais que se está fora da série principal, mas a mistura acaba por tornar o argumento difícil de entender, não se percebendo onde acabam as manifestações esotéricas e onde começa a especulação científica.

A remissão a álbuns publicados na série Blake e Mortimer fica reservada a O Mistério da Grande Pirâmide e ao xeque Abdel Razek. Desta vez o sempre omnipresente Olrik não surge na história. Talvez os argumentistas tenham decidido que ele morreu na explosão final de As 3 fórmulas do professor Sato.

Com tantos autores no argumento há, no entanto, pormenores que não estão resolvidos. É completamente incompreensível como é que Henri conseguiu sobreviver dentro do prédio, fechado, até a parede se ter aberto pela primeira vez, depois de ter ficado prisioneiro.

A radiação está muito mal explicada. Como é que uma radiação desconhecida (desconhecida em que aspeto?) é confinada tão facilmente. Também não é explicada de forma clara aquela emissão clara em forma de feixe paralelo, tipo laser. Se a radiação interage com a ionosfera da forma como é descrita, então que sucederia aos humanos que a ela estiveram sujeitos? Aparentemente nada, o que é muito estranho.

A ficção científica tem que ser especulativa, mas deve obedecer à ciência já conhecida na época em que decorre a ação. Neste argumento surgem algumas falhas nessa área.

Uma outra falha do argumento reside na dificuldade de localização temporal do episódio. Consegue perceber-se, pela imagem em que se mostra a falha nos computadores em Londres, que os monitores usados colocam o desenlace entre a segunda metade dos anos 90 e, talvez, os primeiros anos do século XXI. Não há, no entanto, nenhuma forma de localizar o incidente inicial, embora pelos automóveis que surgem na imagem, parece que terá que ser já década de sessenta ou posterior. Com tanta informação escrita que é dada, a localização temporal não deixaria de ser relevante.

O próprio ar juvenil da filha do xeque não é facilmente compatibilizado com o tempo decorrido desde a data de O Mistério da Grande Pirâmide, a idade que o xeque parece ter, e a época em que decorre o desenlace da atual ação narrativa.

Outro aspeto inexplicável é a tentativa de fazer explodir o comboio. Quem e porquê? Aparentemente os habitantes de Bruxelas não pareciam querer acabar com a situação em que viviam.

Também por que razão se passaram tantos anos até que se tenha decidido proceder a um ataque decisivo?

São muitas as interrogações que mereciam resposta, e que deixam o argumento incompleto.

Conclusão

O episódio pode mostrar algum interesse para os admiradores da série Blake e Mortimer. Não porque tenha uma qualidade elevada, designadamente no argumento, mas pela curiosidade de ver um desenhador como Schuiten a trabalhar a série.

Para um iniciado em Blake e Mortimer não é apelativo. Até pode ser incompreensível pelas relações que estabelece com o Mistério da Grande Pirâmide.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Humor curto: Mr Abernathy


Mr Abernathy surgiu em 14 de outubro de 1957, com desenhos de Frank Ridgeway e texto de Bud Jones. A tira que se segue foi publicada na revista Fantasma número 12.

sábado, 5 de dezembro de 2020

Los Gringos


A série Los Gringos foi criada em 1979 pelo argumentista Jean-Michel Charlier e o desenhador Victor  De la Fuente.
O primeiro episódio intitulou-se Viva la revolucion!
É protagonizado por Pete, um perito no manuseamento de matérias explosivas, que faz qualquer coisa para conseguir dinheiro, exatamente o contrário de Chett, um aviador sem grande apego aos bens materiais.
O episódio inicia-se em 1912 num local localizado no Texas a 50 milhas de El Paso. É aí que Pete é obrigado a fugir de um grupo que o persegue. Após o seu cavalo ter morrido, consegue despojar o proprietário de um automóvel do veículo que conduz e é nesse automóvel que se dirige a El Paso onde se encontra com Chett, e os dois, no avião do segundo fogem para o México.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Análise Crítica: Balada para Sophie

 


Obra: Balada para Sophie

Argumento: Filipe Melo

Desenho: Juan Cavia

Cor: Juan Cavia, Sandro Pacuci, Santiago R. Villa

Data da Edição: setembro 2020

Edição cartonada

Editora: Tinta da China

410 páginas- 300 páginas com banda desenhada

Preço: 36,00 €

ISBN: 978-989-671-558-8

Dimensões: 176 x 258 mm

 

Análise

Não são todos os autores que têm o privilégio de escrever um argumento que possa ser contado em 300 páginas. Flipe Melo conquistou-o com todo o mérito devido aos seus trabalhos anteriores.

Conquistou-o e aproveitou bem todas as vantagens que ganhou com essa possibilidade. Conseguiu construir uma história onde as personagens fazem todo o sentido e onde o seu perfil psicológico fica bem estabelecido. Não há ninguém que surja nesta história para fazer número. Todos os intervenientes existem porque eram necessários para a história ser contada. Se não estivessem lá, a história ficava pobre, e mais alguém tornava-se excessivo.

Filipe Melo já tinha demonstrado saber contar uma história longa em Os Vampiros, mas em Balada para Sophie consegue espraiar a ação num longo período, que corresponde a uma vida, sem a tornar numa sequência monótona de factos anedóticos. Todos os acontecimentos estão de acordo com as personagens e confluem na prancha final da obra. E, apesar de a identidade de Sophie poder ser adivinhada algumas páginas antes do fim, Filipe Melo consegue surpreender com a prancha final. Inesperada, mas que no conjunto da obra, se percebe que apenas podia ser aquela.

Desconhecemos a forma como o argumento é construído e o modo como o argumentista se coordena com o desenhador: se apresenta um modelo definitivo, se vai alterando com o decorrer da execução do desenho ou se aceita sugestões do desenhador, mas nota-se uma coerência que só é possível perante um argumento muito bem delineado, seja esse trabalho feito de uma única vez ou vá sofrendo alterações.

A história consegue ser contada com um mínimo de legendas. Estas surgem apenas muito esporadicamente e apenas para identificação do tempo e do espaço. Está-se perante uma história em que o desenho e argumento se complementam, e não um texto ilustrado, como muitas vezes sucede em algums obras devido ao excessivo peso das legendas.

O traço, num estilo caricatural, repete a fórmula já conhecida de desenhar de Juan Cavia, mostrando um trabalho cuidado e com atenção aos pormenores. As fisionomias das personagens estão muito bem estabelecidas, incluindo aquelas que vão envelhecendo com o decorrer da história, e que continuam a ser perfeitamente identificáveis nos diferentes tempos.

Nos cenários das vinhetas Cavia tenta o equilíbrio, conseguido, entre situações em que os pormenores abundam, com outras em que um fundo liso ou minimalista, leva o leitor a concentrar-se no enredo, sem se perder na análise do desenho.

Na organização das pranchas, Cavia não apresenta muitas surpresas, e aqui está-se perante ma das situações, em que não se sabe qual a influência do argumentista, (decisão comum, do desenhador ou do argumentista), com pranchas, na maior parte das vezes com três a cinco vinhetas quadradas ou retangulares, separadas por elipses, com dimensões que permitem a identificação clara de cada vinheta.

No entanto, em algumas páginas, Cavia apresenta vinhetas que ocupam mais de meia página, dando realce a emoções que tomam outra amplitude, na perspetiva do leitor, quando a dimensão da vinheta aumenta. Há duas vinhetas de página dupla que são uma obra-prima, designadamente aquela que representa o delírio de uma das personagens.

No que se refere às elipses existem páginas com fundo preto, em vez do branco das restantes, com a elipse a ser negra e usando uma paleta de cores mais fortes.

Essa quebra de ritmo visual é positiva, ajudando a manter o leitor concentrado.

A escolha da tonalidade, não só do fundo de página, mas das vinhetas, serve também para referenciar, alterações de locais, de tempo  e de sentimentos associados às personagens ou aos atos que são narrados.

Cavia usa mais alguns dos recursos da banda desenhada. Além das características das elipses, existem pranchas onde o desenhador junta as imagens, sem a zona separadora, dando-lhe uma sensação de continuidade que não surge na presença da elipse, o que permite ler a página em diferentes sentidos. Na construção das pranchas usa as vinhetas de menores dimensões para grandes planos, e as de maior dimensões quando quer mostrar planos de conjunto ou planos gerais.

Já no que se refere a signos cinéticos, estes não se encontram na obra, e as onomatopeias são usadas de forma muito moderada. Os formatos dos balões e o tipo de letra usada no seu interior servem para demonstrar emoções das personagens, como gritos ou insultos.

Não usando nesta obra longas sequências de vinhetas sem palavras, nota-se no entanto que Cavia usa esse recurso algumas vezes, levando o leitor a ter que recriar um texto que não existe, numa obrigatoriedade de ler o desenho e a sequência das imagens.

Algum do texto não surge em balões tradicionais. Há caixas que poderemos considerar balões, embora sem apêndice, pois comportam texto em que a personagem narra usando as imagens das vinhetas tempo os factos decorridos. Trata-se de um recurso que o autor usa para colocar a personagem a falar sem o balão tradicional.

Conclusão

Sem dúvida que se está perante uma obra de banda desenhada ou literatura gráfica, para quem prefira estes termos, excelente, numa construção que obriga à leitura comum do desenho e do texto, de tal modo eles se complementam. Espera-se pelo próximo livro desta dupla, pois todos os trabalhos até agora publicados revelam qualidade superior.

Uma leitura que vale a pena fazer.

Uma pergunta final. Para quando a edição com uma gravação da balada?

 

terça-feira, 1 de dezembro de 2020