quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
Efeméride: Kim Devil
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Foguetão nº 1
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
Humor curto: O Guarda 212
sábado, 26 de dezembro de 2020
Da BD para o ecrã: Daredevil
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Análise Crítica: Shanghai Dream
Título original: Exode 1938 e À la mémoire d’Illo,
Argumento: Philippe Thirault
Desenho: Jorge Miguel
Cor: Delf
Editora: A Seita/ Arte de Autor
Tradução: Sandra Alvarez
Data da Edição: 2020
Álbum cartonado: 120 páginas; 104 de banda desenhada
ISBN: 978-989-54880-1-8
Preço: 24,00 €
Dimensões: 221 x 293 mm
Esta obra Shanghai Dream junta num único volume os dois
livros que compunham a edição original: Exode 1938, publicado em 2018 e À la
mémoire d’Illo, em 2019. Cada um dos volumes tem 52 pranchas.
O argumento funda-se no exilio a que a comunidade judaica
alemã se vê forçada para fugir à perseguição movida pelos nazis, sem, ainda na
época, 1938, poder imaginar o que lhe viria a suceder no futuro. Nesse exilio
ocorre a separação de um casal: Illo, que escreveu o guião para um filme, e o
seu marido Bernhard que tudo fará para conseguir realizar esse filme.
É um argumento onde fica visível a forma como a ideologia
nazi mudou a personalidade de muitos alemães, o modo como, apesar da aliança
bélica, Japão e Alemanha tinham perspetivas diferentes sobre os judeus, e a
violência que os japoneses exerceram em território chinês, a exemplo de todos
os outros locais que ocuparam.
Sobre o argumento do filme, que guia o modo como Shanghai
Dream se desenvolve, não se sabe muito, não se consegue perceber a sua
proclamada excelência nem são muito evidentes as suas características de
comédia, embora sejam relatadas pequenas cenas cujo objetivo será provocar a
gargalhada.
Se nas suas linhas gerais o argumento é bom, falha nos
pormenores: não são bem definidas e completadas algumas das sequências
narrativas; demasiada facilidade com que determinadas situações ficam resolvidas
num contexto tão complexo.
O primeiro volume tem um argumento mais coeso que o segundo.
Toda a história contada no segundo volume merecia um maior desenvolvimento, que
talvez exigisse ser narrada em duas partes distintas, permitindo conhecer
melhor algumas personagens, que entram e saem quase só para fazer número, e
desenvolver melhor a relação entre Lin Lin e Bernhard. Toda a relação se
desenvolve de um modo platónico que termina numa felicidade, que foi o caminho
mais fácil para terminar rapidamente a história.
Não sendo um mau argumento, até porque do ponto de vista
histórico está bem fundamentado, há alguma leveza nas características
psicológicas das personagens e no surgimento de saltos narrativos que apressam
a ação central do livro.
Este tema, associado aos judeus no extremo oriente durante a
II Guerra Mundial, até por não ser muito conhecido, merecia e devia ser melhor
desenvolvido.
O desenho é de boa qualidade, embora nem sempre as
expressões faciais sejam bem tratadas quando pretendem expressar emoções. Há
algum desequilíbrio neste aspeto. Jorge Miguel por vezes retrata muito bem o
que sentem as personagens, outras vezes coloca-as com um rosto em que se
evidencia desespero ou espanto, quando não há uma emoção deste tipo de modo evidente,
seja no texto, seja na ação. Quando pretende que as emoções sejam mesmo patentes,
o autor recorre a grandes planos do rosto, que nessa situação ficam bem
caraterizados
Ao longo de toda a obra Jorge Miguel não recorre a vinhetas
gigantes, mesmo quando pretende ilustrar planos gerais, São muito poucas as
vinhetas que ocupam um terço ou um quarto das pranchas. Todas têm uma área
menor.
As pranchas encontram-se organizadas de modo muito clássico,
com as vinhetas emolduradas e separadas por espaços em branco. São reduzidíssimas
as exceções; seja a vinheta sem moldura ou a vinheta sobreposta a outras.
Os símbolos cinéticos e as onomatopeias são recursos que os
autores utilizam, de um modo adequado. Surgem quando os fenómenos que pretendem
evidenciar são mais relevantes no fluir narrativo.
Para se entender o enredo é necessário ler o texto e
observar o desenho o que é um sinal que esse está perante uma narrativa gráfica
em que o texto e desenho se complementam e cada um deles isolado não consegue
contar a história.
Nas vinhetas associadas ao filme existem legendas que se enquadram
perfeitamente no contexto. Nas restantes vinhetas, as legendas, que são
reduzidas, têm apenas a função de localizar a ação no espaço e no tempo,
permitindo identificar os lugares e o momento em que a ação decorre.
Os cenários são bem trabalhados. Há elementos descritivos no
fundo das vinhetas, tornando-as uma leitura visual interessante e demonstrando
trabalho por parte do autor, assim como uma eficaz pesquisa sobre os elementos
cenográficos associados àquela época na Alemanha e, principalmente, em Xangai.
As cores usadas apresentam tons suaves, não desviando a
atenção da narrativa. A opção de apresentar as cenas do filme, sejam elas as
reais ou apenas as imaginadas, a preto e branco, permitem que seja possível
discernir muito bem as vinhetas que narram a história principal e as que narram
o filme.
O livro apresenta no seu interior a capa do segundo volume
original, que não foi escolhida para capa desta edição, o que é um elemento que
lhe acrescenta valor. O mesmo sucede com a inclusão de um pequeno caderno
gráfico, onde o desenhador faz referências à forma como construiu algumas das
personagens e se documentou para desenhar uma história de época.
Também não faltam, no final no livro, uns breves elementos
biográficos sobre cada um dos autores. Sobre estes, refira-se que Jorge Miguel,
não sendo um completo desconhecido, não é um autor muito publicado no mercado
nacional, onde se salienta O Fado
ilustrado, constituindo uma surpresa este seu surgimento numa edição
internacional. Espera-se que se repita a publicação de trabalhos seus. O
desenho demonstra qualidade, espera-se que lhe possa surgir um argumento melhor
trabalhado, e que ele tente um maior arrojo na ilustração.
Conclusão
Livro a ler, não por ser de um autor português, mas por se
bem desenhado e o argumento abordar uma temática rara e bem trabalhada na caracterização
histórica.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
Efeméride: Wakantanka
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
Natacha
terça-feira, 22 de dezembro de 2020
Análise crítica: O neto do homem mais sábio
Argumento: Tomás Guerrero
Desenho: Tomás Guerrero
Tradução: João Miguel Lameiras
Prefácio: Valter Hugo Mãe
Editora: Levoir
Edição: 2020
144 páginas – 124 com banda desenhada
ISBN: 978-989-68-2890-5
Preço: 10, 90 €
Dimensões: 235 mm x 308 mm
Uma biografia em banda desenhada é sempre uma situação
difícil de abordar. A tendência é cair numa sequência descritiva de factos
apresentados cronologicamente, que parecem muitas vezes desajustados uns dos
outros. A banda desenhada está cheia destas situações, ocorram elas em
biografias apresentadas em três ou quatro pranchas, ou em trabalhos mais
extensos.
Neste livro, o autor, Tomas Guerreiro, consegue afastar-se
um pouco desse caminho tradicional. Apresenta uma biografia narrada a duas
vozes. Duas personagens: uma que teve existência real e outra nascida nos
heterónimos de Fernando Pessoa. Jerónimo Melrinho, o avô de Saramago, e Ricardo
Reis, simbolizado pelo próprio poeta Fernando Pessoa. A complementar surge
ainda o próprio Saramago.
Esse cruzamento torna-se feliz porque consegue manter o
leitor atento, sem o colocar em pormenores biográficos que muitas vezes não
passam de bisbilhotice.
Na narrativa excedentária, apenas se torna supérflua a
explicação que é dada para o despedimento de Saramago. Embora o facto de ficar
sem trabalho tenha sido decisivo para o surgimento do escritor reconhecido
mundialmente, a tentativa de explicar o despedimento está deslocada no conjunto
do texto da obra.
Neste livro as palavras são muito importantes. O texto está
bem escrito e faz-nos mergulhar no ambiente dos livros de Saramago: a forma e a
temática dos seus livros saltam de um modo natural para os diálogos de Jerónimo
e de Ricardo Reis. Quando são necessárias surgem, bem enquadradas, as citações
do próprio Saramago.
É um livro com muito texto, onde o desenho, na maior parte
das situações, serve apenas de cenário aos balões, não acrescentando informação
direta, ou então podendo ser interpretado como metáfora dos sentimentos que as
personagens vivenciam ou que envolviam o próprio José Saramago.
Não se espere encontrar neste livro uma necessidade de
acompanhar a imagem para que se lhe possa acrescentar informações que o texto
não contém. Na maior parte da obra as ilustrações servem de fundo aos balões de
texto, enquadrando-os e aumentando a sua dimensão poética. Mas o texto, quase
sempre poderia ser lido sem que o desenho lá estivesse. Este embeleza a obra,
ajuda a legibilidade, mas o fundamental está nas palavras.
O desenho é excelente, com o autor, usando um estilo quase idêntico
ao de Sergio Toppi. Com a manipulação perfeita das sombras e dos traços negros,
consegue transferir para o leitor as emoções que os rostos, demasiado
estáticos, normalmente não traduzem. Poderemos mais uma vez estar perante uma
opção, pois essa rigidez facial é comum aos retratos que se conhecem de José Saramago
e de Fernando Pessoa. Acresce que numa das últimas vinhetas do livro, uma
maravilhosa vinheta dupla, Tomás Guerrero não tem dificuldade em colocar expressões
nas faces das personagens.
A estrutura das pranchas é variável; umas com com divisões
em vinhetas definidas, mas outras, com os desenhos que pertencem a uma vinheta,
por vezes sobrepostos aos da vinheta adjacente. Há páginas com uma única vinheta
e outras em que a imaginação se pode espraiar, com os desenhos a ocuparem a prancha
numa sequência sem divisões de molduras nem elipses.
A cor é usada de modo muito discreto. Seja na evocação da
revolução do 25 de abril, nas páginas que relatam Levantado do chão ou na identificação dos restantes livros de
Saramago. Há um capítulo onde a cor domina e que, curiosamente, ou
ironicamente, se chama Época Cinzenta.
Deixo para o leitor do livro a descoberta desse capítulo.
A leitura torna-se facilitada com a cor usada no fundo
balões. Por vezes estes surgem sem que a personagem que fala seja visível, mas a
tonalidade diferente atribuída a cada um dos intervenientes; Jerónimo,
Melrinho, Ricardo Reis e José Saramago, permite a sua identificação Surge ainda
um reduzido número de balões atribuídos a Amadeu Batel, Tomás Guerrero e
Fernando Aguilera que têm fundo branco, o que também os permite distinguir.
As legendas que não sejam citações da obra de Saramago são
reduzidas, servindo para localizar a ação no espaço e no tempo.
Um reparo. A edição merecia a indicação do título original.
Conclusão:
Livro interessante de se ler, em que apesar do desenho de
excelente qualidade é no texto que reside o essencial. É a obra em que se
consegue dar vida ficcionada a uma personagem real, que não sabia ler nem
escrever, o avô de Saramago, atribuindo-lhe as palavras que efetivamente o
tornam num homem sábio.
Na ausência de uma ação que prenda os sentidos do leitor,
são as palavras que conduzem através das páginas e permitem descobrir, colocando
na boca de outros, o que Saramago disse de si próprio e a visão que ele tinha
do mundo. É toda essa orquestração de palavras que tornam este livro um
exemplar que fica bem em qualquer biblioteca.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
Custer
sábado, 19 de dezembro de 2020
Baú das revistas: O Mosquito
Revista
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O mosquito nº 8 (V série)
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Ficha Técnica
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Data de publicação: setembro de 1985
Periodicidade: mensal
Preço: 200$00
Dimensões: 210 mm x 290 mm
Diretor: José Chaves Ferreira
Propriedade: Carlos & Reis, Lda
Distribuição: Distribuidora Jardim de Publicação, Lda.
Tiragem 15 000 exemplares
60 páginas incluindo a numeração da capa
Capa a cores
Interior a preto e branco e a cores
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Conteúdo:
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Capa
Da autoria de Frank Frazetta
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Capa interior
Publicidade a álbuns de Torpedo 1936
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Página 3
Estamos de Parabéns. Texto editorial
Ficha Técnica
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Página 4
R..I.P e Amen. Episódio de Torpedo 1936 com argumento de Bernet e desenhos de
Sanchez Abuli
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Página 12
O primeiro caso. Conto de Lúcio Cardador com desenhos de Carlos
Alberto
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Página 14
O voo final. Episódio de Ás de Espadas, com desenho de Juan Gimenez e
argumento de Ricardo Barreiro
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Página 24
Histórias de outros tempos. Artigo de A. J. Ferreira
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Página 26
Mosquito Expresso. Página com correio dos leitores
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Página 27
A noite da estrela. Inicio do episódio, com texto de Bati e desenho
de Moebius
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Página 35
A mensageira da morte. Artigo de A. Dias de Deus
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Página 36
Acherontia Atropos. Argumento e desenho de Milo Manara
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Página 44
BD 2000. Artigo de Luiz Beira
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Página 45
Oppium. Primeira parte de uma história desenhada por Daniel Torres
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Página 48
A jangada. Primeira parte de um episódio desenhado por Manfred Sommer
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Página 54
Principe Valente. Por Hal Foster. Pranchas de 3/11/46 a 1/12/46.
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Contracapa interior
Publicidade à coleção Antologia da Banda Desenhada Portuguesa
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Contracapa
Publicidade ao álbum Mississipi River
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quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
terça-feira, 15 de dezembro de 2020
segunda-feira, 14 de dezembro de 2020
Mayam
domingo, 13 de dezembro de 2020
Análise Crítica: Lucky Luke - Um cowboy no algodão
Título original: Lucky Luke (nouvelles aventures) ) – Un Cow-boy dans le cotton
Editora: Asa
Data de Edição: outubro de 2020
ISBN: 978-989-23-4948-0
Desenho: Achdé
Argumento: Jul
Cor: Mel Acryl’Ink
Álbum cartonado: 48 páginas – 44 de banda desenhada
Dimensões: 293 mm x 225 mm
Preço: 10,90 €
Análise:
O argumento recorre à interação
de Lucky Luke com personagens da história dos Estados Unidos, uma situação
recorrente da série, que já surgiu em
muitos episódios anteriores. A novidade surge no facto de essa personagem se
tratar de um negro que ocupou o cargo de Marshall Adjunto. Esta situação que
pode ser associada aos múltiplos problemas raciais que atualmente se vivem nos
Estados Unidos, com a o relevo que têm estado a ganhar os movimentos de
supremacia branca, representados neste álbum pela Ku-Klux Klan.
Situada numa época em que a
escravatura tinha sido abolida, são no entanto evidentes ainda as marcas que o
sistema deixou na sociedade daquele país, neste caso representado pelo estado
da Luisiana. Neste âmbito salienta-se negativamente a tentativa de apresentar o
oeste do país como sendo uma zona livre de atitudes racistas, o que estava
longe de ser verdade.
A melhor época da série foi
aquela em que Goscinny escreveu os argumentos, em que a fluidez narrativa e o
humor marcaram os diferentes episódios. Com a
assunção, por Morris, da escrita dos episódios, notou-se o quebrar dessa
espontaneidade e incapacidade de produzir humor naturalmente no fluir
narrativo.
Este episódio, no que se refere
ao humor, faz lembrar alguns dos momentos que Goscinny trouxe às páginas da
série. A vontade de rir, ou apenas sorrir, surgem de modo natural na leitura,
com o aproveitamento das diferentes personagens, das suas características e dos
elementos cenográficos apresentados no contexto da história. Não surge, na
maior parte das situações, o humor forçado.
Como em episódios anteriores
surge um piscar de olho à atualidade fazendo aparecer duas crianças que podem
ser associadas a duas personagens conhecidas dos tempos atuais: a pequena Oprah
e o jovem Barack.
De forma natural surgem também no
episódio, as personagens ficcionais Tom Sawyer e Hucklberry Finn criadas pelo
escritor Mark Twain.
Os Dalton também marcam presença
neste álbum, numa participação pouco intensa, mas suficiente para alguns bons
momentos de humor.
O argumento flui de modo natural
quase até ao final. No completar da narrativa é verificável a dificuldade do
argumentista em resolver a ação. Surge quando Lucky Luke fica incapaz de solucionar,
por si, ou com a ajuda do seu cavalo, o problema em que se encontra, sendo
salvo por outra das personagens, que surge naquele momento, vinda do nada,
embora apresente uma justificação, forçada, para a sua presença. Normalmente
Lucky Luke resolveria com Jolly Jumper os problemas em que se encontrava. Neste
caso sucedeu de outra forma. Também do
nada, surge um furacão, que é um fenómeno, que ao contrário dos tornados, não
surge de modo brusco, havendo sempre alterações meteorológicas anteriores que o
prenunciam. Neste caso surgiu sem aviso. Tivesse o argumentista conseguido
resolver estas duas situações de modo mais eficaz e estaríamos perante um dos
melhores argumentos da série.
As relações sociais surgem de
modo muito caricatural no episódio, o que já não é uma novidade nesta série,
com os negros a serem todos bons, os brancos americanos a serem todos maus e os
descendentes dos franceses a viverem completamente arredados da sociedade dos
americanos. A introdução de algum elemento dissonante dentro dos grupos étnicos
poderia contribuir para criar algumas situações humorísticas.
Achdé é um desenhador que conseguiu apanhar o traço
de Morris. O traço é leve, adequado a uma história em que o movimento é um
elemento importante da leitura e da sequência narrativa. O desenhador consegue
desenhar os corpos nas diferentes posições que lhes transmitem uma plasticidade
que os transforma, apesar do traço caricatural, em personagens animadas.
Os elementos cenográficos são
bastantes diversificados e por vezes minuciosos. O autor desenha vinhetas
pequenas, que normalmente lhe permitem colocar de oito a onze vinhetas em cada
prancha, mas arrisca por vezes algumas vinhetas maiores, não poupando nos
pormenores cenográficos. Das vinhetas gigantes, uma análise mais negativa, vai
para a da prancha trinta e nove, que parece ser a menos conseguida. De
salientar, na prancha seguinte, as três vinhetas que ocupam todo o comprimento
da prancha e que conseguem transmitir na perfeição a narrativa que lhe está
associada. Trata-se de uma exemplo em que a história tem que ser
obrigatoriamente lida com a opção gráfica tomada pelo desenhador.
A paleta de cores é variada e
adequada a cada contexto narrativo, como por exemplo o verde, quando em fundo
se encontram os pântanos ou ambientes ajardinados, ou tons escuros para cenas
noturnas.
Quase toda a narrativa decorre
com os diálogos dos balões. O texto em legendas é muito raro, com exceção da
prancha seis, onde não há um evoluir narrativo, mas uma explicação histórica
sobre o enquadramento social nas plantações da Luisiana. Quase toda a história
poderia decorrer sem a presença das legendas, percebendo-se o enredo apenas
pela leitura de desenho e texto.
A letra é bem legível, surgindo
em tamanho adequado a permitir a leitura fácil.
Ao longo da narrativa surgem
algumas onomatopeias, assim como balões com simbologia, ou formatos de letra
que exprimem emoções.
Para expressar movimento existem
alguns símbolos cinéticos, embora a plasticidade do traço já o evidencie, e
mais alguma simbologia, em torno dos rostos, de modo a amplificar as emoções
que os semblantes expressam.
Conclusão:
Um livro que vale a pena ler. As
suas poucas insuficiências a nível do argumento ou do desenho, são superadas
pelos aspetos positivos.
sábado, 12 de dezembro de 2020
Da BD para o ecrã: Dan Dare
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
quarta-feira, 9 de dezembro de 2020
Baú das revistas: Êxitos da TV
Revista
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Êxitos da TV nº 5
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Ficha Técnica
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Data da publicação: 5 de abril de 1979
Preço: 15$00
Periodicidade: semanal
Dimensões. 185 mm x 270 mm
36 páginas, incluindo a numeração de capa e contracapa
Diretor: Roussado Pinto
Propriedade: Marcial, Rocha & Pinto
Capa a cores; interior p/b
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Conteúdo:
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Capa
Sem indicação de autor
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Capa interior:
Dennis por Hank Ketcham. Página de 15/10/67
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Página 3
Ficha Técnica
Episódio O duende polar da série Brick Bradford desenhado por Paul
Norris. Tira diária de 4/12/72 a 3/3/73
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Página 23
Mark Trail. Página de 2/9/56 desenhada por Ed Dodd
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Página 24
Enciclopédia Gráfica por R. J. Scott.
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Página 25
A garganta do vento. Episódio de Histórias do velho Tom desenhado pro
Stelio Fenzo
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Página 34
O dia a dia do Sr Huberto. Tiras de 2 a 5 de maio de 1967 desenhadas
por Dick Wingert
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Contracapa interior
Publicidade ao Centro de Instrução Técnica
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Contracapa
Bugs Bunny, por Raçph Heimdahl. Página de 1/09/1968.
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terça-feira, 8 de dezembro de 2020
Análise crítica: O último Faraó
Título original: Blake et Mortimet – Le dernier Pharaó
Argumento: Jaco Van Dormael; Thomas Gunzig; François Schuiten
Desenho: François Schuiten
Cor: Laurent Durieux
Editora: Asa
Edição: março de 2020
92 páginas – 85 com banda desenhada
ISBN: 978-989-23-4698-4
Preço: 10, 90 €
Dimensões: 202 mm x 288 mm
Análise
Este álbum não pretende ser parte
da série Blake e Mortimer. É
assumidamente um extra que não se enquadra, designadamente quanto ao trabalho
de desenho, no estilo que segue o traço de Jacobs.
Schuiten, num estilo totalmente
distinto de Jacobs e dos seus
continuadores, recria as duas personagens. Foge ao grafismo em que os rostos se
aproximam de um modelo semicaricatural, para usar um desenho de traço realista.
Blake e Mortimer surgem mais velhos, mas
apesar da mudança de estilo, os traços fisionómicos permitem identificar sem
dificuldade as duas personagens.
Os rostos das personagens parecem
muitas vezes sofrer de paralisia, pois as emoções não se manifestam. Os rostos
mantêm-se inalterados em muitas situações que justificavam diferentes
expressões. Schuiten não é um
desenhador de pessoas, embora em Cidades Obscuras tenha conseguido dar
uma diversidade de expressões faciais nos seus personagens, que não se verifica
neste álbum. Schuiten é um desenhador
de prédios e cidades e essa é mais-valia desta obra. Nos cenários das
diferentes vinhetas é o desenho dos prédios, dos seus interiores e exteriores
que se evidencia. Sempre que possível Schuiten
recorre à arquitetura para embelezar o fundo da vinheta e define bem as suas
dimensões sempre que os prédios e outras construções arquitetónicas têm que ser
desenhadas.
Apesar de os rostos não
contribuírem para elevar a qualidade do álbum, os grandes planos evidenciam
esta parte da anatomia humana. Ao desfolhamos as páginas são os rostos que marcam
as vinhetas. São eles que nos enfrentam no virar das páginas, contando a
história. Não se percebe se foi essa a intenção do desenhador, mas foi esse o resultado
do trabalho realizado.
Excetuando as situações em que há
a intenção de mostrar elementos arquitetónicos e urbanísticos, fazendo uso de
vinhetas maiores, não há criatividade no uso das mesmas e na alteração das suas
características clássicas para a construção do fluir narrativo. Não somos
surpreendidos com uma vinheta ou um conjunto de vinhetas que nos faça parar a
leitura.
A profundidade das cenas é
conseguida de modo muito efetivo. Para isso contribui um bom uso da sombra, que
permite identificar imediatamente os diversos planos que podem surgir nas
vinheta e as posições relativas dos vários objetos e personagens. Schuiten domina bem esta área do grafismo.
As molduras e as características
da letra usadas nos balões servem, por vezes, para demonstrar várias emoções ou
para sublinhar o tom de voz usado. Ainda no que se refere ao uso dos balões,
são usados no seu interior, algumas vezes, o ponto de interrogação e o ponto de
exclamação, com o objetivo de mostrar o espanto das personagens. Nota-se neste uso dos balões o domínio e o
uso das técnicas de comunicação em banda desenhada.
Ainda no que se refere à simbologia
própria da banda desenhada verifica-se a utilização de símbolos cinéticos, de
forma moderada, e de onomatopeias, estas em número reduzido, mas aplicadas de
forma coerente.
As vinhetas possuem balões e
legendas. Estas últimas são essenciais para compreender a narrativa. Só os
balões não conseguem expressar a história. Não estamos perante a continuação do
estilo Jacobs, mas mesmo assim, a
obra está bem guarnecida de legendas. As vinhetas que não têm balões, nem legendas ou
onomatopeias são em número muito reduzido, sendo evidente que não é objetivo
dos autores utilizarem este tipo de narrativa silenciosa, o que também já
acontecia com Jacobs e com os autores
que o seguiram na sequência principal de Blake
e Mortimer.
O argumento é o ponto fraco deste
episódio. Atribuído a três autores, é mal conseguido. Talvez a diversidade
autoral possa ser uma das razões. Cada um pretendeu deixar a sua marca e nota-se
a falta uma linha segura na narrativa, havendo várias distrações da via
principal da história que se pretende contar.
O argumento vai buscar as suas
origens a O mistério da Grande Pirâmide,
o episódio da série Blake e Mortimer
que mais usa e abusa do esoterismo, que acaba transportado para o presente
episódio, não combinando bem com a ficção científica em que se pretende centrar
o argumento. Esoterismo e ciência são duas palavras que não cabem na mesma
abordagem. Embora Blake e Mortimer
seja uma série de ficção científica, se os autores tivessem optado por seguir a
linha esotérica nada haveria opor, tanto mais que se está fora da série
principal, mas a mistura acaba por tornar o argumento difícil de entender, não
se percebendo onde acabam as manifestações esotéricas e onde começa a
especulação científica.
A remissão a álbuns publicados na
série Blake e Mortimer fica reservada
a O Mistério da Grande Pirâmide e ao
xeque Abdel Razek. Desta vez o sempre
omnipresente Olrik não surge na
história. Talvez os argumentistas tenham decidido que ele morreu na explosão
final de As 3 fórmulas do professor Sato.
Com tantos autores no argumento
há, no entanto, pormenores que não estão resolvidos. É completamente
incompreensível como é que Henri
conseguiu sobreviver dentro do prédio, fechado, até a parede se ter aberto pela
primeira vez, depois de ter ficado prisioneiro.
A radiação está muito mal
explicada. Como é que uma radiação desconhecida (desconhecida em que aspeto?) é
confinada tão facilmente. Também não é explicada de forma clara aquela emissão
clara em forma de feixe paralelo, tipo laser. Se a radiação interage com a
ionosfera da forma como é descrita, então que sucederia aos humanos que a ela
estiveram sujeitos? Aparentemente nada, o que é muito estranho.
A ficção científica tem que ser especulativa,
mas deve obedecer à ciência já conhecida na época em que decorre a ação. Neste argumento
surgem algumas falhas nessa área.
Uma outra falha do argumento reside
na dificuldade de localização temporal do episódio. Consegue perceber-se, pela
imagem em que se mostra a falha nos computadores em Londres, que os monitores
usados colocam o desenlace entre a segunda metade dos anos 90 e, talvez, os primeiros
anos do século XXI. Não há, no entanto, nenhuma forma de localizar o incidente
inicial, embora pelos automóveis que surgem na imagem, parece que terá que ser
já década de sessenta ou posterior. Com tanta informação escrita que é dada, a
localização temporal não deixaria de ser relevante.
O próprio ar juvenil da filha do
xeque não é facilmente compatibilizado com o tempo decorrido desde a data de O Mistério da Grande Pirâmide, a idade
que o xeque parece ter, e a época em que decorre o desenlace da atual ação
narrativa.
Outro aspeto inexplicável é a
tentativa de fazer explodir o comboio. Quem e porquê? Aparentemente os
habitantes de Bruxelas não pareciam querer acabar com a situação em que viviam.
Também por que razão se passaram
tantos anos até que se tenha decidido proceder a um ataque decisivo?
São muitas as interrogações que
mereciam resposta, e que deixam o argumento incompleto.
Conclusão
O episódio pode mostrar algum
interesse para os admiradores da série Blake
e Mortimer. Não porque tenha uma qualidade elevada, designadamente no argumento,
mas pela curiosidade de ver um desenhador como Schuiten a trabalhar a série.
Para um iniciado em Blake e Mortimer não é apelativo. Até
pode ser incompreensível pelas relações que estabelece com o Mistério da Grande Pirâmide.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2020
Humor curto: Mr Abernathy
sábado, 5 de dezembro de 2020
Los Gringos
quinta-feira, 3 de dezembro de 2020
quarta-feira, 2 de dezembro de 2020
Análise Crítica: Balada para Sophie
Obra: Balada para Sophie
Argumento: Filipe Melo
Desenho: Juan Cavia
Cor: Juan Cavia, Sandro Pacuci, Santiago R. Villa
Data da Edição: setembro 2020
Edição cartonada
Editora: Tinta da China
410 páginas- 300 páginas com banda desenhada
Preço: 36,00 €
ISBN: 978-989-671-558-8
Dimensões: 176 x 258 mm
Análise
Não são todos os autores que têm
o privilégio de escrever um argumento que possa ser contado em 300 páginas.
Flipe Melo conquistou-o com todo o mérito devido aos seus trabalhos anteriores.
Conquistou-o e aproveitou bem
todas as vantagens que ganhou com essa possibilidade. Conseguiu construir uma
história onde as personagens fazem todo o sentido e onde o seu perfil psicológico
fica bem estabelecido. Não há ninguém que surja nesta história para fazer
número. Todos os intervenientes existem porque eram necessários para a história
ser contada. Se não estivessem lá, a história ficava pobre, e mais alguém
tornava-se excessivo.
Filipe Melo já tinha demonstrado
saber contar uma história longa em Os Vampiros, mas em Balada para Sophie
consegue espraiar a ação num longo período, que corresponde a uma vida, sem a
tornar numa sequência monótona de factos anedóticos. Todos os acontecimentos
estão de acordo com as personagens e confluem na prancha final da obra. E,
apesar de a identidade de Sophie poder ser adivinhada algumas páginas antes do
fim, Filipe Melo consegue surpreender com a prancha final. Inesperada, mas que
no conjunto da obra, se percebe que apenas podia ser aquela.
Desconhecemos a forma como o
argumento é construído e o modo como o argumentista se coordena com o
desenhador: se apresenta um modelo definitivo, se vai alterando com o decorrer
da execução do desenho ou se aceita sugestões do desenhador, mas nota-se uma
coerência que só é possível perante um argumento muito bem delineado, seja esse
trabalho feito de uma única vez ou vá sofrendo alterações.
A história consegue ser contada
com um mínimo de legendas. Estas surgem apenas muito esporadicamente e apenas
para identificação do tempo e do espaço. Está-se perante uma história em que o
desenho e argumento se complementam, e não um texto ilustrado, como muitas
vezes sucede em algums obras devido ao excessivo peso das legendas.
O traço, num estilo caricatural, repete
a fórmula já conhecida de desenhar de Juan Cavia, mostrando um trabalho cuidado
e com atenção aos pormenores. As fisionomias das personagens estão muito bem
estabelecidas, incluindo aquelas que vão envelhecendo com o decorrer da
história, e que continuam a ser perfeitamente identificáveis nos diferentes
tempos.
Nos cenários das vinhetas Cavia
tenta o equilíbrio, conseguido, entre situações em que os pormenores abundam,
com outras em que um fundo liso ou minimalista, leva o leitor a concentrar-se no
enredo, sem se perder na análise do desenho.
Na organização das pranchas, Cavia
não apresenta muitas surpresas, e aqui está-se perante ma das situações, em que
não se sabe qual a influência do argumentista, (decisão comum, do desenhador ou
do argumentista), com pranchas, na maior parte das vezes com três a cinco
vinhetas quadradas ou retangulares, separadas por elipses, com dimensões que permitem
a identificação clara de cada vinheta.
No entanto, em algumas páginas,
Cavia apresenta vinhetas que ocupam mais de meia página, dando realce a emoções
que tomam outra amplitude, na perspetiva do leitor, quando a dimensão da vinheta
aumenta. Há duas vinhetas de página dupla que são uma obra-prima, designadamente
aquela que representa o delírio de uma das personagens.
No que se refere às elipses
existem páginas com fundo preto, em vez do branco das restantes, com a elipse a
ser negra e usando uma paleta de cores mais fortes.
Essa quebra de ritmo visual é
positiva, ajudando a manter o leitor concentrado.
A escolha da tonalidade, não só
do fundo de página, mas das vinhetas, serve também para referenciar, alterações
de locais, de tempo e de sentimentos
associados às personagens ou aos atos que são narrados.
Cavia usa mais alguns dos
recursos da banda desenhada. Além das características das elipses, existem
pranchas onde o desenhador junta as imagens, sem a zona separadora, dando-lhe
uma sensação de continuidade que não surge na presença da elipse, o que permite
ler a página em diferentes sentidos. Na construção das pranchas usa as vinhetas
de menores dimensões para grandes planos, e as de maior dimensões quando quer
mostrar planos de conjunto ou planos gerais.
Já no que se refere a signos
cinéticos, estes não se encontram na obra, e as onomatopeias são usadas de
forma muito moderada. Os formatos dos balões e o tipo de letra usada no seu
interior servem para demonstrar emoções das personagens, como gritos ou
insultos.
Não usando nesta obra longas sequências
de vinhetas sem palavras, nota-se no entanto que Cavia usa esse recurso algumas
vezes, levando o leitor a ter que recriar um texto que não existe, numa
obrigatoriedade de ler o desenho e a sequência das imagens.
Algum do texto não surge em
balões tradicionais. Há caixas que poderemos considerar balões, embora sem
apêndice, pois comportam texto em que a personagem narra usando as imagens das
vinhetas tempo os factos decorridos. Trata-se de um recurso que o autor usa
para colocar a personagem a falar sem o balão tradicional.
Conclusão
Sem dúvida que se está perante
uma obra de banda desenhada ou literatura gráfica, para quem prefira estes
termos, excelente, numa construção que obriga à leitura comum do desenho e do
texto, de tal modo eles se complementam. Espera-se pelo próximo livro desta
dupla, pois todos os trabalhos até agora publicados revelam qualidade superior.
Uma leitura que vale a pena
fazer.
Uma pergunta final. Para quando a
edição com uma gravação da balada?