segunda-feira, 31 de maio de 2021
O livro da Selva
domingo, 30 de maio de 2021
Análise Crítica: A dança dos abutres
Título original: Undertaker 2 – La danse des vautours
Argumento: Xavier Dorison
Desenho: Ralph Meyer
Cor: Caroline Delabie e Ralph Meyer
Editora: Ala dos livros
Data da Edição: 2021
Álbum cartonado: 56 páginas
ISBN: 978-989-54726-7-3
Preço: 16,55 €
Dimensões: 235 x 310 mm
Este segundo álbum conduz a uma análise que é comum a muitas
outras situações: a questão dos álbuns em continuação. A continuação só poderá
fazer algum sentido se cada álbum se formar num episódio autoconclusivo, que
depois pode ser inserido num contexto mais amplo. Esta forma, que está a surgir,
de colocar os álbuns com histórias inacabadas que concluirão posteriormente, em
que cada álbum não tem um princípio, um meio e um fim, muitas vezes terminando
só ao fim de várias edições, é uma menorização da banda desenhada face, por
exemplo, à literatura. Não há livros que deixem em suspenso, na última página,
o desenrolar dos acontecimentos. Veja-se por exemplo uma saga como Harry
Potter. Embora a totalidade dos volumes forme um conteúdo coerente que tem um
desenvolvimento no final do conjunto, a verdade é que cada um dos livros basta
por si, não obrigando à leitura dos restantes, para se ler um episodio
completo. Mesmo no cinema, também os ciclos de filmes, são constituídos por
histórias que se entendem isoladamente, e quando tal não sucede, começam alguns
problemas no sucesso dos mesmos; veja-se os dois últimos de Hary Potter, que
acabam por ser alvo de várias críticas devido ao primeiro episódio não contar
uma história completa.
Esta divisão dos álbuns não passa de um truque comercial que
acabará por cansar e diminuir as vendas.
Quando se pretende analisar o argumento deste álbum fica-se
com dificuldades, porque lendo apenas este este episódio pouco se entenderia do
que se estava a passar.
Embora nas primeiras páginas surja uma apresentação de Rose,
que ajuda a perceber a sua personalidade, na verdade é difícil entender o que
faz aquele grupo de pessoas juntas, e o que levou os perseguidores a tomarem
aquela atitude.
Tudo se relaciona com as características de arrogância do
morto, que se serviu do poder e do dinheiro para explorar todos os que
gravitavam em seu redor, ou que ele atraia para a sua influência.
Note-se no entanto essa personalidade do arrogante
capitalista fica em contradição com o episódio contado por Lin, e que está na
origem da sua fidelidade ao defunto.
Tirando este pormenor, todas as personagens são muito
credíveis no ambiente socioeconómico em que habitam.
Jonas Crow já tinha mostrado o que era no primeiro volume e
essas características confirmam-se neste segundo volume: um homem que foge de
algo, que não pretende companhia, com um passado violento, que pretende esquecer,
e um sentido de humor que por vezes roça o tétrico. É possível neste álbum
verificar o exacerbamento dos comportamentos de grupos, que já vinha do álbum
anterior, e que se sobrepõe aos escrúpulos que cada indivíduo poderia possuir e
o impediriam de singularmente cometer crimes. A violência paira ao longo de
quase todas as páginas, embora o humor de Jonas Crow consiga atenuar a dureza
das imagens e dos diálogos.
O final é interessante e deixa alguma curiosidade sob a
forma como os autores irão lidar com a série. Deixa a dúvida se Jonas Crow
poderá manter as mesmas características psicológicas, que o caracterizam, agora
que é acompanhado por uma dupla feminina.
A nível artístico o desenho é de qualidade, com o autor a
dominar os traços fisionómicos, criando um conjunto de rostos bem distintos,
que permite identificar sem qualquer margem de dúvida cada uma das personagens.
Os cenários não são multo trabalhados, mas trata-se de um
opção do desenhador que coloca as personagens, quase sempre em planos muito
fechados, ou então, quando os abre um pouco mais, mostram um ambiente de
aridez, que pretende contribuir para a violência que expressa do argumento. Mas
as imagens também mostram a violência sem preconceitos, e, por vezes, em
pormenor, mas nunca de modo exibicionista. Os atos violentos têm lógica e são
sempre vistos pelo leitor como a única saída possível, que o desenhador não se
coíbe de representar em imagens.
O autor recorre a várias organizações de vinhetas, não
usando com muita frequência as de grande dimensões. Muitas das pranchas têm oito
vinhetas ou mais, o que indicia que a sua área é pequena. Não se pense que o Meyer
apenas faz grandes planos ou planos de pormenor, mas não se intimida perante
essa forma de apresentar a narrativa.
Ralph Meyer usa, raramente, uma vinheta que ocupa a página,
com outras menores inseridas, de modo a mostrar o ambiente geral onde decorre a
ação. Usa também bastantes onomatopeias e alguns símbolos cinéticos, que ajudam
a sublinhar os movimentos.
A cor tem sempre tonalidades muito escuras, que podem ser associadas
ao ambiente árido, parecendo que todas a cenas se passam de noite, o que é
verdade em algumas situações, ou então num entardecer sombrio. Um maior
contraste na cor, tornaria a obra menos sorumbática.
A capa está perfeitamente de acordo com o contudo narrativo e cromático.
Conclusão
A série é interessante, mas não se aconselha a fazer a
leitura deste álbum sem primeiro fazer a do primeiro. Vale pelo conjunto dos
dois, não se podendo ler cada um deles de modo individualizado.
sábado, 29 de maio de 2021
da BD para o ecrã: Iznogoud
quinta-feira, 27 de maio de 2021
quarta-feira, 26 de maio de 2021
A BD e a Guerra: Marouf
segunda-feira, 24 de maio de 2021
Sem palavras
sábado, 22 de maio de 2021
sexta-feira, 21 de maio de 2021
Efeméride: Frank Bellamy
quarta-feira, 19 de maio de 2021
Coleções completas: Foguetão

Nº
|
Série
|
Episódio
|
Autores
|
1-13
|
Tintin
|
Tintin au Tibet
|
Hergé
|
1-13
|
Dan Dare
|
O planeta desconhecido
|
Frank Hampson; Don Harley, Keith Watson
e Frank Bellamy,
|
1-13
|
Jean Valhardi
|
O planeta desconhecido
|
Jijé
|
1-13
|
Asterix
|
O guerreiro gaulês
|
Goscinny e Uderzo
|
1-13
|
Tanguy e Laverdure
|
Céu de glória
|
Charlier e Uderzo
|
1-13
|
Blake e Mortimer
|
A armadilha diabólica
|
Edgar Pierre Jacobs
|
1
|
Sexton Blake
|
O olhar do ídolo
|
|
2
|
Gaston Lagaffe
|
|
Franquim
|
3
|
Gaston Lagaffe
|
|
Franquim
|
3-11
|
Thorn McBride
|
O rapto do cientista
|
Frank Giacoia
|
4
|
|
Dois jovens correm o mundo
|
|
4
|
Gaston Lagaffe
|
|
Franquim
|
5
|
Gaston Lagaffe
|
|
Franquim
|
6
|
Gaston Lagaffe
|
|
Franquim
|
7
|
|
A primeira travessia da mancha
|
|
8
|
Gaston Lagaffe
|
|
Franquim
|
9
|
Gaston Lagaffe
|
|
Franquim
|
10
|
Gaston Lagaffe
|
|
Franquim
|
11
|
Gaston Lagaffe
|
|
Franquim
|
12
|
Gaston Lagaffe
|
|
Franquim
|
segunda-feira, 17 de maio de 2021
Relendo... ao acaso: Barba Negra, o pirata
Episódio
|
Barba Negra o Selvagem
|
|
Autores
|
Desenhos: Badesa G.
|
|
Dados sobre o episódio
|
Leitura: Revista Colecção Águia nº3
Data da publicação: 1958
Edição: Aguar & Dias, Lda
12 páginas/ p/b
|
|
Resumo
|
Descrição de vários episódios que contribuíram para criar a lenda em
torno deste pirata, como a sua capacidade para beber ou conseguir respirar
num ambiente de enxofre queimado.
Também surgem descrições de atos de barbárie com qual assustava os que o rodeavam.
O fim trágico da personagem também é relatado
|
Comentário
|
Visão polémica do pirata Barba Negra, divergente de alguns factos
históricos.
|
sábado, 15 de maio de 2021
Da BD para o ecrã: Hulk
sexta-feira, 14 de maio de 2021
Efeméride: Lambil
quarta-feira, 12 de maio de 2021
O Papagaio nº 1
segunda-feira, 10 de maio de 2021
Título original: Duke 5- Un pistolero, tu serás
Argumento: Yves Huppen
Desenho: Hermann
Cor: François Lapierre
Editora: Arte de Autor
Tradução: Jorge Colaço
Data da Edição: 2021
Álbum cartonado: 56 páginas
ISBN: 978-989-54827-7-1
Preço: 16,50 €
Dimensões: 228 x 300 mm
Análise
Trata-se do 5º volume do western Duke. O argumento conta uma
história que prende a atenção do leitor, mas sofre dos mesmos males comuns às
séries longas narradas em continuidade. Quem só ler este volume, fica com uma
ideia muito vaga do que pode estar a acontecer, com muitas falhas relativamente
aos factos ocorridos, sobre quem é Duke e quem são as outras personagens.
Dificilmente se enquadra em toda a trama da história, percebendo as características
psicológicas de todos os elementos que nela participam. E, nesta longa
narrativa, muito do que ocorre está associado ao que cada personagem é, ao meio
social onde se insere e aos acontecimentos que marcaram o seu percurso.
Na verdade, este volume, só por si, não tem um elemento que
o individualize, tem que ser sequenciado aos anteriores, só assim se percebendo
o que move cada uma das personagens. Fica também tudo em aberto no final. Tudo
pode vir a acontecer.
Sobre o desenho não há muito que dizer. Herman, um dos
grandes desenhadores belgas do final do século passado, surge aqui mantendo as
suas principais características gráficas. Vê-se uma prancha do álbum e
imediatamente se diz: é de Hermann. Tem um estilo gráfico que o distingue de quase
todos os outros e que fez alguma escola. Quando surge alguém com um estilo
próximo, imediatamente se associa a um seguidor de Hermann.
Hermann não é um desenhador que use muito texto, mas, neste
caso, os diálogos são até bastante frequentes.
Não existem legendas, o que mostra o excelente domínio que
os autores têm da técnica narrativa na banda desenhada.
A cor é usada para distinguir diferentes épocas. Quando uma
das personagens narra factos passados, passa-se para uma tonalidade sépia, e
alguns balões tomam forma diferente, parecendo legendas, mas constituem-se a
fala do narrador dos factos.
Os olhos são usados muitas vezes para em grandes planos ou
planos de pormenor, maximizar sentimentos. Herman, com o seu estilo , fá-lo de
modo excelente.
Há algumas onomatopeias e os símbolos cinéticos estão
ausentes. Mas essa ausência é mais uma amostra da grande qualidade do desenho
de Hermann. Quando há movimento, a plasticidade dos corpos patenteia-o
perfeitamente, sem necessidade de grafismos acessórios e complementares.
Há algum empobrecimento gráfico da obra no que se refere aos
cenários. Herman foca-se nas personagens e nas suas expressões, menosprezando o
ambiente físico em que estas se movem. Os cenários são pobres e pouco
pormenorizados.
A letra tem um tamanho e um tipo que facilita a leitura e o
tamanho dos caracteres e o uso do negrito é também usado para expressão as
diferentes intensidades sonoras.
A capa deixa uma sensação de rascunho quando se observa. Se
está de acordo com a temática da obra, já o desenho surge numa perspetiva que
torna o tamanho das personagens estranho.. Causa até alguma perplexidade que um
desenho com estas características tenha passado pelas apertadas grelhas da
edição. O corpo do jovem sentado parece desproporcionado, aparentando estar-se
perante alguém com problemas físicos. A imagem cria uma sensação de desconforto
visual. Hermann sempre teve alguma dificuldade em desenhar adolescentes do sexo
masculino e este desenho é uma explicitação dessa dificuldade.
Conclusão
Leitura a fazer e a não perder por quem segue a série desde
o número 1. Quem não leu, o melhor é começar pelo início e ir progredido até
este volume.
Quanto à capa, o melhor é fechar os olhos e imaginar que não
existe.