Animais que falam!
Este é um mundo imenso na banda desenhada. Aqui inclui-se
todo o conjunto de personagens Disney, com patos, galinhas, cães, ratos, etc, que têm comportamentos semelhantes
aos humanos.
Aqui irei focar outras personagens que não as Disney. Talvez
essas possam ficar para outro momento.
Existem animais que falam com humanos, existem animais que
só falam com outros animais e existem aqueles que têm pensamentos humanos que
são transmitidos ao leitor em balões com linguagem humana, mas não correspondem
a uma situação em que essa mensagem seja
transmitida às personagens humanas.
Não vou aqui fazer uma listagem exaustiva dos animais
falantes da minha coleção de banda desenhada, mas focar alguns de distintas
épocas e estilos.
Tarzan é uma das séries onde o humano fala com os animais e
estes também comunicam com a personagem humana. Veja-se as duas vinhetas de
episódios desenhados por Joe Kubert.
Ainda com humanos a comunicar com animais e também com
comunicação em sentido inverso temos a série Tetfool, originária da revista
Tintin, criada por Eric, e que narra a ligação entre um jovem e os lobos, num
mundo onde não faltam os lobisomens.
Nos anos 40 a revista Gafanhoto publicava As Aventuras do
Coelhinho Negro
e também Plácido e Mosca de Cabrero Arnal.
Do mesmo autor e publicado em imensas revistas havia também
o cão Top, antecedente do Pif.
Dentro da mesma linha humorística e de histórias curtas
temos os interessantes diálogos entre o Zé Colmeia e o guarda
ou a série Os
corvos, esta última publicada no Jornal do Cuto.
No Jornal do Cuto era publicada também a série Gus o Gorila,
e a bem conhecida dupla Tom e Jerry.
Se os norte-americanos guardam os animais para as histórias de uma página ou de uma
tira, já o mesmo não ocorre na banda desenhada europeia.
Um dos animais favoritos
dos autores é o cão. Há o gorducho Cubitus, a criação de Dupa, que num
registo humorístico dialoga com o seu dono em pequenos gags ou em longos episódios
de mais de 40 páginas;
há Attila, de Derib, o pequeno cão detetive que consegue
falar com as pessoas e até pilotar aviões;
num registo sempre humorístico
existe o cão Bill, criado por Roba, que embora não dialogue com os seus donos,
nos permite conhecer os seus pensamentos ou os seus diálogos com outros cães.
Outro cão que embora não dialogue com as pessoas, nos dá a conhecer o seu
pensamento é o Rataplan, que de personagem secundária da série Lucky Luke
passou a ser estrela principal de uma série com o seu nome.
Milou, o cão do
Tintin, também pensa para o exterior, embora não consiga falar com o seu dono.
Por vezes também os seus diálogos com outros cães são exibidos.
O desenhador belga Raymond Macherot é um admirador de ratos.
Criou duas séries, Clorofila, no Tintin,
e Sibylline no Spirou. em que estes
animais são as personagens principais.
Os outros personagens são também animais
e apesar de as espécies serem diferentes conseguem comunicar com a maior das
facilidades entre si. Já o mesmo não se passa com os humanos que embora falem,
não comunicam com os animais.
Ainda no que se refere a ratos temos Beany, o ratinho do
desenhador Bedu.
Regressando a Lucky Luke não podemos esquecer o seu cavalo
Jolly Jumper, que nos faz conhecedores dos seus pensamentos.
Derib, o mesmo autor de Atilla, é um desenhador com apetência
por temas da natureza e de ecologia. Em Yakari, o pequeno índio consegue falar
com todos os animais e estes também falam com ele.
Uma outra série interessante e em que todos as personagens
são animais é Rififi, de Mouminoux, o passarinho sempre metido em aventuras com
os seus amigos.
O pinguim, Alfred, da série Zig e Puce, a criação de Alain
Saint Ogan, é um dos outros animais capazes de expressar pensamentos e com a
sua capacidade de pensar resolver algumas das situações complicadas em que os seus donos se colocam.
Com enorme capacidade de comunicação e uma inteligência
muito superior está Touky, o tucano, da autoria de Walli, Dupont, e De Groot, o
pássaro falante que se indigna quando as pessoas o confundem com um papagaio.
Um português também marca lugar nesta lista, Carlos Roque,
o autor do patinho Wladimir.
No mundo de fantasia de Olivier Rameau, a série de Dany e
Greg, onde tudo é possível, também os
animais teriam que falar e comunicar com
a maior das naturalidades com os seres humanos.
Referência inda a mais algumas séries belgas onde os animais
falam. Em Robin da Mata, a criação de Turk e Degroot,não é muito frequente que
tal suceda, mas existem gags onde as personagens de caraterísticas humanas
dialogam com os animais;
também em Prudence Petitpas é possível acompanhar as
falas de animais.
Brik Brak, de Aidans e Lamquet, os animais podem falar e
transmitir a sua mensagem.
Finalmente a referência a uma série, mais dirigida a um
público adulto, mas em que os animais são as personagens, Blacksad, de Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido. Todas as
personagens têm caraterísticas antropomórficas e apenas as cabeças nos fazem
lembrar que não são humanos.
Algumas das obras importantes com animais falantes não se
encontram neste texto, mas numa primeira abordagem ao tema, aqui ficaram umas quantas
que povoam a minha coleção. Um tema a retomar mais tarde.
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