Título original: he New Deal
Argumento: Jonathan Case
Desenho: Jonathan Case
Tradução: Carlos Xavier
Editora: Levoir
Edição: 2020
Edição cartonada: 112 páginas
ISBN: 978-989-682- 867-7
Preço: 10, 90 €
Dimensões: 186 mm x 279 mm
Análise
A história decorre no ano 1936, durante a recuperação que os
Estados Unidos faziam da designada Grande Depressão, através do plano colocado
em vigor pelo presidente Roosevelt, e designado The New Deal.
O New Deal da história não está relacionado com esse plano político-económico,
mas surge pela conexão feita entre o nome que o autor associa ao acordo firmado
entre as personagens principais da narrativa e a época socio-económico-histórica
que se vivia.
O argumento conta uma história divertida, que se lê
agradavelmente, sem grandes confusões, bem contextualizada, com as personagens,
apesar da leveza do argumento, a possuírem dimensão psicológica, que condiciona
de modo efetivo os seus atos.
Aprecio bastante o final, e aqui entra muito do gosto
pessoal. Um final feliz para aquilo que em português s designa por “bons
malandros”.
A maior parte das páginas tem entre quatro a seis vinhetas,
que permitem um fluir narrativo constante, usando grandes planos para
explicitar pormenores. Normalmente o recurso a três vinhetas não serve para
fazer planos gerais, mas sim para ampliar os planos de pormenor. Os planos
gerais são raros, mas mesmo esses estão bem inseridos, seja em vinhetas de
maior que o normal dimensão ou ocupando mesmo todo o tamanho da página.
A colocação das vinhetas não segue uma modelo monótono,
variando a sua disposição e a sua ligação ao longo das várias páginas, estando
associadas ao modo como a narrativa é feita: vinhetas sobrepostas ou sem
elipses quando a ação é mais rápida ou de ambiente mais tenso, e as clássicas
divisões com o espaço branco a dividir as vinhetas na narrativa mais serena e
menos emotiva.
O traço é simples e facilitador da leitura. Os rostos das
personagens bem definidos, permitindo facilmente a sua identificação. Os corpos
apresentam-se desenhados em várias posições, quase sempre sugerindo uma
sensação de movimento e não uma perceção estática da ação.
O autor usa o preto e um tom azulado para colorir o seu
trabalho. Transmite dessa forma uma estética não agressiva. Foi errado da sua
parte usar essa tonalidade para a pele da personagem de cor negra. Essa opção
dá a sensação de que o rosto de Theresa é da cor das roupas e de alguns
elementos do cenário. O uso do preto para a tonalidade de pele serviria para
marcar de modo muito mais acentuado o racismo que é patente nas atitudes de
algumas personagens.
Conclusão
Um livro leve que se lê bem, todo de seguida. Não
apresenta pretensões de interpretação sociológica, tratando-se apenas de um
trabalho bem escrito e bem desenhado que pretende divertir o leitor.
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